segunda-feira, 30 de agosto de 2010

É bem visto

No meu tempo de vida, fomos de Eisenhower a George W. Bush. Fomos de John F. Kennedy a Al Gore. Se isto é evolução, acho que dentro de vinte anos estaremos a votar em plantas.
Lewis Black

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Novela dos simples

Ver actores nas novelas portuguesas a pretender representar personagens "populares", "rudes" e "puras" é um espectáculo deprimente que diz tudo sobre o modo como as "elites" (com muitas aspas) vêem o país, e nada sobre o país.
Na interpretação desses actores, geralmente saídos de passereles de moda ou de tascas do Bairro Alto, e que só se aventuraram para fora da cidade besuntados de creme solar de écrã total, interpretar  um simples pescador de Setúbal,  ou um moço de estrebaria do Ribatejo, significa fazer caretas, falar e gesticular como um atrasado mental arraçado de babuíno, e ter  a clarividência de um malmequer. Para não falar de uma rapariga meio selvagem que habita uma novela actual e que é, como persona, tão convincente como o primeiro-ministro a dizer que não há crise. A pequena mais parece uma menina parva de Massamá com birra por lhe terem tirado o IPod do que a "força da natureza" que supostamente representa.
A culpa não é só deles e do seu talento dramático equivalente ao de abóboras, mas sobretudo das respectivas direcções de actores, fazendo a fineza de acreditar que existem. E de quem lhes escreve as falas, já agora. Estas interpretações são de quem não faz a mínima ideia do que é ser simples, puro, ou simplesmente humano. Confundem candura com imbecilidade. Macaqueiam modos que não sabem representar, traduzindo-os num espectáculo grotesco. E são praticamente um insulto ao tipo de pessoas que pretendem encarnar. Se eu fosse pescador  ou moço de estrebaria, fazia-lhes uma espera.
E não me macem com comentários género "é bem feito, quem te manda ver novelas," e ditos correlativos. São outras tantas baboseiras. Toda a gente vê novelas, nem que seja uma vez na vida. E bastaria essa vez para perceber isto.