sábado, 18 de setembro de 2010

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A Outra

"Um país que precisa de um salvador
não merece ser salvo."
(Millôr Fernandes)

A Pátria não se importa de ser "a outra" de José Mourinho. Ele é o homem da sua vida, e ele há tão poucos... Arrostará com todas as condições, todas as esperas em silêncio, todas as intermitências. Estará sempre aqui, por vezes contentando-se com um telefonema apressado entre dois jantares com a legítima: "Sim, também te amo. O guarda-redes que vá fazendo uns exercícios."
Sem ele, a Pátria sentir-se-á perdida, não há quem se lhe compare. Com ele, nem que seja por umas horas, sentir-se-á segura, triunfante, realizada. Venha quem vier. Por isso faz a estrada de Madrid, descalça e desgrenhada, e sobe a Castellana para se pôr à janela do amado. Fará o que for preciso para o ter. Mendigará uma palavra, uma atenção, uma lembrança, como se de pérolas se tratasse. E espera assim conquistar o mundo. O amor vence tudo.

O Homem virá, talvez, numa manhã de nevoeiro, apressadamente, para dar a táctica. Acaba sempre tudo na mesma em Portugal. Tudo isto é tão ridículo e indecoroso que só espero que não se saiba lá fora.

PS - A legítima é que parece não estar lá muito pelos ajustes. Felizmente - a bem da decência. Mas seja o que for que aconteça, já ninguém apaga o desconchavo.